quarta-feira, 2 de dezembro de 2015



A ARTE, ESSA VADIA


Arte do futebol... arte da política!... Deveríamos dizer também "arte da simbiose", da exploração, da enganação, da degeneração... É só pegar pelo braço.

Ao espírito da arte resta a esperança no artista. No verdadeiro artista. Naquele que, mais do que admirá-la, quer compreendê-la. Mais que usufruir, quer servir. Onde se lê um conceito de arte? Não é muito comum encontrar isso nesse mundo consumista em que vivemos, conceitos são pouco comerciais. Mas podemos inserir aqui um bom conceito, para não deixar pendurado no vento alguém que ainda não tenha nenhum:

A arte é uma expressão, uma linguagem subjetiva que utiliza uma técnica artística para, aplicada ao meio físico, transmitir ideias e emoções. O seu produto é obra artística.

Sem essas naturezas psíquica e técnica, não temos arte. Podemos agregar arte a muitas coisas, mas isso não é fazer arte. Esse discernimento não deve faltar ao artista, ao menos para o bem dele próprio e da sua obra. No mínimo, considerando lucidamente a arte, mesmo sem academicismos e ainda que não tenha eleito objetivos para si próprio, ele poderá perceber quando e como estará sendo atraído para objetivos que não são da arte. Exagero?

Exagero nenhum. Historicamente a arte foi e é muitas vezes usada para objetivos muito diferentes, e tantas vezes até conflituosos com os seus. Usaram a arte para ajudar a fazer revoluções, guerras, golpes de estado. Atribuíram à arte até mesmo o papel equivocado de combater o radicalismo islâmico. Equivocado sim, da forma que foi feito, porque uma humanidade mais justa não pode prescindir do respeito a todos os direitos. E no caso famoso e trágico do periódico francês Charlie, essa degeneração era praticada para auferir lucro. Sem dúvida, um erro não justifica o outro. Mas nos dirigimos aqui a artistas, e não a terroristas ou funcionários públicos. Como sempre fazemos, propomos a reflexão.

Os artistas fazem a arte humana, pois que são humanos. Contudo ela está em toda a natureza e em todo o universo, no microcosmo e no macrocosmo. A natureza não é um privilégio deste planeta. A arte não é um espírito de pessoa, mas é espírito, e por algum tipo de expressão, nem só estética, propicia o princípio cósmico da comunicação, que por sua vez propicia outro, o da transformação. Nosso objetivo aqui não é exatamente propagar a magnitude da essência da arte, mas sim propor que se reflita sobre a verdadeira dimensão de fazer arte, e sobretudo sobre não prostituí-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário